Esta aventura começou na noite de 31/05/2019 quando decidi comprar uma
viagem. Uma viagem para um sítio qualquer mas, de preferência para um sítio não
muito caro, nem para muito longe de Portugal.
Para primeira viagem internacional o mais correto é começar
pelo país vizinho – Espanha.
Mas oficialmente, esta aventura começou hoje às 05:15h,
quando o despertador tocou. Não dormi nada a noite toda, nem tomei calmantes,
para a ansiedade. Antes adormecer na viagem, do que ficar em terra.
Quando às 06:11h apanho o autocarro que me leva até à estação
de comboio, os olhares dos outros passageiros são inevitáveis.
Ao chegar à estação de comboio pelas 06:26h, exatamente a
mesma coisa – mais olhares. Assim que cheguei reparo que só havia comboio para
a Estação Gare do Oriente, perto das 07h. Pensei “Nem Pensar!”
Às 06:36h apanhei o comboio que ia para a Estação do Rossio.
Saí na Estação da Reboleira, e aí apanhei o metro, com uma mudança de estação
pelo meio. Nestas situações há que saber improvisar.
Para me fazer companhia entre estações e transportes, trouxe
comigo um livro, mas não um qualquer. Trouxe “O mundo é fácil!”, do Gonçalo
Cadilhe. Eu sei, Gonçalo. E sei que este é um livro que é para ler antes de
embarcar, mas precisava de o acabar de ler, e de ver os teus conselhos, caso
precise.
Às 07:40h, cheguei à Estação Gare do Oriente, e ainda tive
tempo de comprar uma revista – Time Out Lisboa, a minha fiel informadora e
também companheira de anos.
Às 08:01h o motorista (Alfonso) abriu as portas do porão para
arrumarmos as malas. Eu só como levava a mochila, não foi preciso colocar lá.
De seguida, seguiu-se o check in, e fui à procura de um bom lugar para me sentar.
08:21h – Fizemo-nos à estrada, não sem antes o Alfonso se
apresentar e explicar os básicos da viagem (não deixar lixo, hora de chegada a
Madrid, etc.).
Ao entrarmos na Ponte Vasco da Gama, senti-me a levantar voo,
como se de uma borboleta tratasse, e entrei num misto de emoções, entre choro,
lágrimas, e sorrisos. Um misto de felicidade, com certeza do que estava a
fazer, e ao mesmo tempo com pena de deixar os meus pais, e eu ir ao incerto sem
saber o que me espera no fim desta estrada longa. Mas já estou aqui em cima,
bem alto, e só vejo o azul do Rio Tejo, à minha volta, enquanto Lisboa, fica lá
atrás e é já só uma miragem. Enxuguei as lágrimas, e tentei conter esta
expulsão de sentimentos, para ninguém dar por nada. Não queria passar este
misto de sensações, para os outros viajantes. Eu não era a única a viajar
sozinha, ali dentro daqueles 14 metros com 4 rodas, iam mais raparigas na mesma
situação do que eu. A decisão está tomada, é agora ou nunca!
Limpei a cara, foquei na paisagem à minha volta, e na música
que trazia, e sigo em frente acreditando que vai tudo correr bem. Estava
previsto chegar às 12:10h (hora espanhola),e assim foi. Foi uma viagem rápida e
nada cansativa. Mais, demorei uma vez para chegar a Castro Verde, em pleno
Baixo Alentejo.
Fui a única pessoa a sair em Badajoz! Tudo o resto foi para
Madrid.
Assim que cheguei parei para apreciar o que estava a minha
volta, e aproveitei para ir ao aseo (wc) pôr as minhas necessidades em dia.
Após esse breve momento, surgiu a tão famosa dúvida: “E
agora? Esquerda? Direita?”. Dentro de mim, senti um bloqueio entre cruzar o que
estava nos meus mapas, e o que estava visível a minha frente.
Os meus mapas do Google maps, estavam muito mas muito
incompletos, devido à minha inexperiência, e lá tive de recorrer aos locais
para conseguir chegar ao hostel. Mas pelo caminho, ainda deu para fazer um
reconhecimento pelos supermercados – Dia e Carrefour Express.
Aproveitei e fiz umas compras muito básicas para as próximas
horas.
O check in estava previsto para as 13h, e assim que entrei no
hostel (Hostal de Las Heras), gostei muito do que vi. Mal se entra na porta
principal, sente-se logo um aroma a detergente, que dá logo confiança para
ficar hospedado.
Subo as escadas de madeira, e ouço vozes. No cimo das mesmas,
uma seta a indicar a receção à esquerda. À minha frente, está um casal de
namorados, estrangeiros também, a fazer o check in.
Após fazer o check in com a Maria (rececionista), dá logo as
chaves, e a password do wifi. O meu quarto fica no piso de cima.
Abro a porta, e deparo-me com cama, mesa de cabeceira,
toalhas, lavatório com espelho, roupeiro, cobertor, secretária, tv, wifi,
tomadas e aquecedor. Até tem uma janela para as traseiras.